DESPEDIDA
Vejo tuas belas mãos cruzadas sobre o peito
como pássaros recém tombados,
ainda intacta e estranhamente viva
a bela plumagem!
Tal Guevara naquela fotografia,
apenas fechados os olhos,
beleza moura de España
nas negras sobrancelhas...
Estás tão belo neste momento,
nenhuma sombra paira sobre tua imagem!
E quando te abraço pela derradeira vez,
ainda meu, em nossa cama,
tão mais junto estás
e tão mais vivo, mais resplandescente
nesta morte de todo digna, sem cortes,
sem cicatrizes.
E cresces em tal finitude
com o corpo ainda quente,
e assim pairas pra sempre em minha memória:
inteiro, exato, matéria viajante,
passageiro que não leva sequer o corpo,
pássaro errante e livre,
em recém nascida condição.