Cortina do tempo
CORTINA DO TEMPO
Através do meu espelho...
Esse palco, essa cortinha,
que as vezes me olha de cima,
me faz careta e desanima.
Nas rimas desse tempo
as frases desse poema...
Traze-me as tremas o tema
as rugas que me alugam
A cútis toda rascunhada
lugares manchas outros verrugas.
A cada dia uma mancada...
E esses sentimentos tão só meu
n'uma solidão que me cala
o silencio navega no tempo
felicidade é o registro n'alma.
É lá que me encontro jovem
aonde todos os dias sonhava
cavalgava sobre tal esperança
e a passos largos caminhava.
Estacionei no meu silêncio
aonde, nem deveria de ter parado
a cada dia um clivo propenso
... Uma ficha uma doença
um numero no tal exame
um calvário n'aquilo pensa
passos velhos sem condado.
Ô... Esse saber que parecia tanto!
Sabendo tudo, sem sair do canto
o mundo todo mudo todo justo
oferecendo susto como encanto.
Quem dera eu...
Entendesse os solavancos
dos passos largos
do cavalo branco...
Esse lombo encilhado,
me balançando tanto!
Antonio Montes
CORTINA DO TEMPO
Através do meu espelho...
Esse palco, essa cortinha,
que as vezes me olha de cima,
me faz careta e desanima.
Nas rimas desse tempo
as frases desse poema...
Traze-me as tremas o tema
as rugas que me alugam
A cútis toda rascunhada
lugares manchas outros verrugas.
A cada dia uma mancada...
E esses sentimentos tão só meu
n'uma solidão que me cala
o silencio navega no tempo
felicidade é o registro n'alma.
É lá que me encontro jovem
aonde todos os dias sonhava
cavalgava sobre tal esperança
e a passos largos caminhava.
Estacionei no meu silêncio
aonde, nem deveria de ter parado
a cada dia um clivo propenso
... Uma ficha uma doença
um numero no tal exame
um calvário n'aquilo pensa
passos velhos sem condado.
Ô... Esse saber que parecia tanto!
Sabendo tudo, sem sair do canto
o mundo todo mudo todo justo
oferecendo susto como encanto.
Quem dera eu...
Entendesse os solavancos
dos passos largos
do cavalo branco...
Esse lombo encilhado,
me balançando tanto!
Antonio Montes