TAÇAS GUARDADAS
A noite dobrará a capa,
Cerrará pesada porta
Que a abrigue do gelo nos ombros.
Soltará os animais no pasto,
Para um sono no estábulo.
Da respiração, a névoa,
Quente fumaça a derreter
O gelo do longo dia.
Onde colocar a cabeça,
Para sonhar em suave
Travesseiro?
As taças estão guardadas
E o brinde foi adiado.
Porta cerrada, fechemos
Também as janelas.
Não há estrela que mereça
O último olhar da poesia.
Raspe a neve do olhar
E abra as mãos,
Nelas ainda se agita o sangue.
Dalva Molina Mansano.