" Samurai Atrapalhado "

" Samurai Atrapalhado "

Final de semana

nenhuma cerva gelada,

estava sem grana,

meu time perdeu,

Jogou sem gana

levou uma surra danada.

Mas tudo bem,

a noitinha chegando

com o amor do lado,

agarradinho no sofá

como casal apaixonado...

Num clima bacana

como se fosse na cama

bem aconchegado.

Assistindo um filme

romântico meio drama

com pipoca e suco gelado

a fome a gente engana.

De repente o telefone chama

Minha cunhada desesperada

sua casa tinha sido invadida

por uma enorme ratazana.

Vamos lá pra batalha

Eu e meu sobrinho

procurando nas tralhas

se armar direitinho.

Cano de ferro na mão

erguemos o colchão

lá estava o danado

uma bola cinza de algodão.

Sem dar chance ao roedor

Touché...

um samurai atrapalhado

imprensei-o a parede

mas do outro lado do cano

saí espetado, doeu um bocado.

Ferpas na boca do cano

fez um corte profundo

na palma da minha mão...

Agora era comigo

a maior preocupação.

ir ao hospital para

fazer a tal saturação.

Primeiro hospital

fez jus ao apelido

Hospital Vermelhinho

não pude ser atendido.

Só tinha um médico

operando um bandido.

Próximo hospital

meu convênio,

um bocado distante

meu sobrinho é um gênio

foi cortando caminho

poucos quilômetros adiante.

Numa esquina, cruzamos

com um cachorro kamikaze

que insistia em ficar

na frente do carro.

parecia treinado

para assalto, ou tirando sarro.

Com estrema habilidade

meu sobrinho driblou o cãozinho

acelerando em alta velocidade.

E antes que outra coisa nos atrase

fiz o sinal da cruz,

mesmo sem ter religiosidade.

Enfim, seria atendido

acompanhado pela minha sobrinha,

gravida de oito meses

me dando coragem...

Longa espera na triagem

me fez perder a paciência

estar ali com cara de paisagem,

ser atendido, já via como miragem.

Depois de uma hora

encaminhado ao cirurgião

achei que tudo estaria solucionado

o médico pediu para eu ir

a sala de sutura, bem ao lado

para fazer a higienização.

Qual não foi a minha surpresa

a enfermeira disse para aguardar...

Mais uma hora e a minha ficha

ainda sobre a mesa,

a dita cuja, fez caca em outro lugar.

O cirurgião veio por duas vezes

e nada dela retornar.

Duas horas de canseira

não conseguia ficar na cadeira

até que chegou a vez do abençoado...

O olhar da profissional

com receio de reclamação

era idêntico do rato acuado,

fazia careta ao ver minha expressão

sendo agulhado, costurado de montão.

Cinco pontos bem dado

ficou agora o aprendizado,

não nasci para ser espadachin...

Mas pelos dias de atestado

que venha outro rato,

mas que esse seja slim,

para que eu possa enfim

sair sem nenhum machucado.

Nilton Cabeça.