A Última Parada
A Última Parada
Entre embarques e desembarques,
Viajava a Vida pela estrada sem fim.
Ansiosa, hoje apenas escuta
O tilintar da última moeda
Na caixa registradora
Enquanto distanciada observa
Os vultos à estrada
Que vão ficando para trás.
Entre embarques e desembarques,
O ontem, o hoje e o amanhã
Misturam-se e se confundem.
Tal qual numa gangorra,
Ora vê o Amanhã “por cima”,
Noutro instante, é lá que avista o Ontem.
Já não distingue a tristeza,
As amarguras ou alegrias.
Apenas uma leve lembrança –
Que não ousa chamar saudade –
Teima em roçar-lhe a face enrijecida.
Entre embarques e desembarques,
Já é Primavera.
Absorta, acompanha pela janela
O vendaval de ramos levados pelo vento e
O cair nostálgico de velhas folhagens,
Substituídas por roupagens exuberantes.
Entre embarques e desembarques,
Já é Outono.
Percebe que depressa passou o dia
E que terminou a colheita.
Que é chegada a hora.
Agora desperta, a Vida distende o cordão.
Soa o sinal.
Pede passagem.
Tem pressa.
Eis que se aproxima A Última Parada...