POEMA QUE FIZ

Meu poema, não é assim tão amoroso...
Nem tão pouco raivoso, não me parece
tantas rimas nem tão jeitoso. Não tem tantas
tremas mas tem tema conteúdo e alfazema.
Meu poema, não fala com a minha voz, mas
fala com falas e palavras, fala pelas ruas...
Noites e madrigais. Fala pelas cidades campos
e quintais, fala pelos bochichos dos solteiros
pelos móio de outros e camanga de,
caminhoneiros. Fala também pelos flancos
dos casais. Meu poema, não é tão querido!
Mas as vezes atrevido, com seu alarido,
ladra como um cão , urra como lobo...
Camufla-se pelas sombras e esgueira,
pelas palavras pelos tempos e heras como
como se fosse bandido. Fala disso d'aquilo,
do peso, medida, quilo, fala das jardas a
bordo da distancia direita esquerda
bombordo estibordo, fala da sabedoria assim
como sábio ou boceja como se fosse bobo.
Meu poema é uma canoa com leme,
tem velas e timão, com frases aonde
remo n'aquilo que temos e não temos.
As vezes cita paixão, de um amor
intenso querido... Fala de uma traição
de um coração bandido. Fala também
dos passos, dados pelas estrada, dos trilhos
de um trem que levou a uma jornada ou...
Da esperança tão amada! Fala das asas
que voam pelos universos territoriais
das cartas que no jogo se apagou sem achar
todos seus ais! O poema que fiz... De lápis
caneta giz... As vezes fala pouco, mas as
vezes... Fala de mais.

Antonio Montes

 
Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 20/10/2018
Reeditado em 21/10/2018
Código do texto: T6481479
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