A BUSCA

Hoje me faço - creio eu,
daquilo que me falta.
Confesso que me sinto confuso.
Giro em torno do nada, tal qual espanado parafuso.

Daquilo que tenho
ou daquilo que peço,
mesmo qu'em excesso,
um 'bocadin'
transborda o pote do meu conforto.

Meu apanágio é o direito de viver vivo, e não morto.

Ah, eu entendo a liquidez dos dias de hoje.
Disso eu não duvido e me concentro.
Penetro em raízes no meu pensamento...

Afinal, em ditados-dizeres,
sou aprendiz.
Vezes me sinto pronto, 
e ao acaso, imperfeito.

Mas...

Donde será que me ponho afazeres?
Por onde anda o meu feliz?
Donde será meu encontro?
Em que tempo de um algo, farei o que tem de ser feito?


x-x-x-x-x-x


NUVENS POLIGLOTAS

O meu tempo chove,
vez que por cima do meu anonimato
suspensas
passam poliglotas nuvens de algodão doce...
'brancas', 'blancas', 'biancas', 'whities' 'weibs',
cor única na essência,
mas todas espessas
condensas
intensas
imensas
e que chovem às aparências um molhado-gélido
- com cinéfilos uivos de trovoadas - 
encharcando-me o todo de mim: corpo & alma. 

Eu olho pra cima atento, 
e a beleza fulguras contemplo. 

E do necessário,
(das nuvens)
sinto 'ntão que irrigam meu ser. 

Hei de rugir um grito, desatado...
molhado dos pés à cabeça,
por dentro e por fora, mas...
... completamente hidratado. 



(fim)

 
Poema subsequente-subliminar (sem título)

E na infância, buscava eu - nas nuvens -
'formas imaginárias de coisas concretas'; 
na fase adulta, creio que o amor é isso também...

Controverso ditado, há quem diga que o certo
são 'coisas imaginárias de formas concretas'. 

Mas...
o que é certo ou errado,
na infância e no amor?