CORDAS DE OURO, TRUPE ENTRELAÇADA

Hoje é mais um dia de canção,

Sente a beira da cadeira, ouça com atenção,

Mais um dia a se chorar, mais um dia de comemoração,

Pondo toda a alma e sentimentos nesse dia de oração,

Venho falar de velhos companheiros estrelados,

Que tiveram um rodízio de corações separados,

O destino proporcionou a ascensão desses iluminados,

Deixando esperança e fé para os ainda aprisionados,

Primeiramente o líder do bando,

Seguidor das músicas e senhor do canto,

Somente com os olhos já está em seu encanto,

O senhor das sete cordas com seu demônio brando,

Segundamente nossa principal artista,

Aquela que faz calar toda a pista,

Mas se apaga quanto aos seus dedos em listra,

Vai-se a amada pianista,

Próximo ao palco é o lorde da guitarra carmesim,

Com qualquer atitude se faria virar um sim,

Cada corda se pintava de carmim,

Mas todo solo chega ao fim,

Chega a serena harpa a dedilhar,

A canção mais doce que alguém poderia tocar,

Alcançando nossos corações que por ela iam a cantar,

Faz dela um pedaço do seu céu estelar,

A viola que tornava tudo colorido,

Fazendo esquecer de qualquer dia dolorido,

Com sua melodia nada era sofrido,

Mesmo que a despedida nunca tenha acontecido,

O baixo era tocado pelo amigo da desgraça,

Mas toda a sua penumbra era recheada de graça,

Era aquele que queria e que se faça,

Mas hoje ordeno que o juramento se desfaça,

O violão de 6 cordas dos dedos abençoados,

O centro de todos os nossos amargos,

Nunca nos deixava de ser amados,

Tornando-se irmão dos enforcados e afogados,

O violinista amaldiçoado,

Aquele que alcançava qualquer céu iluminado,

O senhor das cordas e do vidro azulado,

Mas seu sonho se tornou um divino fardo,

Somos uma trupe de seguidores dos deuses esquecidos,

Acidentes, assassinados, afogados, suicidas e desaparecidos,

Os Cordas de Ouro vivem nesse mundo como amigos,

Alguns foram embora, mas jamais serão esquecidos,

Como ultimo sobrevivente é meu dever manter vossos legados,

Sempre demonstrando para eles onde estiverem que sempre serão amados,

Cada palavra escrita aqui transforma meu coração em machucados,

Mesmo que todos forem embora eu ainda amo os nossos passados,

Construímos nesse mundo o nosso santuário dentro de nossos corações,

A todos os integrantes, faço a cada um a mais bela das menções,

Quero gritar e agradecer até acabar todo o ar dos meus pulmões,

Espero que no plano astral da nossa sinfonia seja cheia de canções,

O corvo cerúleo e a pomba pacifista,

O leão ensanguentado e a sereia harpista,

A águia indomável e a serpente coloridamente artista,

O bardo endiabrado e o demônio humano que exista,

É um dia triste e um dia de bondade,

Pois cada um depositou sua alma na minha felicidade,

O aperto no meu peito é sempre da mais pura saudade,

Eu ainda encontro com vocês, só que mais tarde,

Hoje eu amarro mais uma vez minha corda dourada,

Orgulho-me de carregar essa pedra pesada,

O peso de amar todos de forma encantada,

Mesmo tendo que ser forte contra o destino, eu sinto vossa falta,

Vou seguir meu caminho com o calor dessa esperança, meu sermão,

Demonstrar a todos quando eu me juntar a vocês que nada foi em vão,

Decreto que hoje, mesmo chorando, será um dia de eterna comemoração,

Sento-me embaixo da cerejeira para a nossa última canção.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 19/10/2018
Reeditado em 10/01/2019
Código do texto: T6480548
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