Vontades
Tu me lês em silêncio,
Teu grito-mudo é o que ouço de ti,
Teus lábios me riem
E teu corpo é o ímã que me atrai.
Eu te decifro através dos olhos-teus,
Te vejo em silêncio a gritar com os olhos,
Mas a instabilidade de ser é viver,
Viver sem ser capaz de sentir
o acalento dos nossos braços.
Tu me tateias com os teus suaves dedos,
Meu corpo é braile em tuas mãos,
Lês cada detalhe de quem sou,
Mas quem há de te conhecer?
Invadiste-me numa transa que era só minha,
Adentraste meus pensamentos e fizeste parte
Da sujeira que eu queria fazer contigo,
Mas eu abri os olhos, tudo não passará de desejos.