Vontades

Tu me lês em silêncio,

Teu grito-mudo é o que ouço de ti,

Teus lábios me riem

E teu corpo é o ímã que me atrai.

Eu te decifro através dos olhos-teus,

Te vejo em silêncio a gritar com os olhos,

Mas a instabilidade de ser é viver,

Viver sem ser capaz de sentir

o acalento dos nossos braços.

Tu me tateias com os teus suaves dedos,

Meu corpo é braile em tuas mãos,

Lês cada detalhe de quem sou,

Mas quem há de te conhecer?

Invadiste-me numa transa que era só minha,

Adentraste meus pensamentos e fizeste parte

Da sujeira que eu queria fazer contigo,

Mas eu abri os olhos, tudo não passará de desejos.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 19/10/2018
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