Em tempo... Beto
metade do meu ser,
é sonho
de resto,
é dor sem fim.
minha remada
está em luto:
não navego,
não choro,
me calo.
se olho de viés,
nos vejo
par a passo,
mas dois é um.
se divago ou rio,
o vejo a sós,
um sujeito ímpar,
exposto e posto.
hoje é quarta-feira
dia de oração,
fatigado e nu, canto
a Ave Maria de Gounod.
mas, porém, todavia, contudo,
do outro lado da rua
uma voz esbranquiçada
denuncia:
"este é o Pedrinho"