Janelas

Por noites sondei minhas janelas

como se fosse turista

sempre a espera da partida.

Depois, em noites

longas e longínquas

me pego imerso

quase afogando

em lembrança

de tão doce vista.

Em uma delas,

quando sem cortina

fica a beira

do buraco negro.

Assusta e acalma

mas é só reflexo.

Em outra ainda

galhos e folhas

dançam freneticamente

sem ritmo.

Mas o fundo

azul-escuro metálico

uma hora dá lugar

ao dourado e ao azul-claro.

E todas as minhas janelas

tornam-se

quadro de passarinhos.

Márcio Filho
Enviado por Márcio Filho em 15/10/2018
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