Janelas
Por noites sondei minhas janelas
como se fosse turista
sempre a espera da partida.
Depois, em noites
longas e longínquas
me pego imerso
quase afogando
em lembrança
de tão doce vista.
Em uma delas,
quando sem cortina
fica a beira
do buraco negro.
Assusta e acalma
mas é só reflexo.
Em outra ainda
galhos e folhas
dançam freneticamente
sem ritmo.
Mas o fundo
azul-escuro metálico
uma hora dá lugar
ao dourado e ao azul-claro.
E todas as minhas janelas
tornam-se
quadro de passarinhos.