As correntezas do rio
O destino é um labirinto sem portas e saídas?
O destino é o amor desejado e que não temos?
Cujo relacionamento é esse barco sem remos?
E no ninho da morte se encontra o fogo da vida.
E quando até pela voz do Silêncio somos silenciados,
E quando até pelo abraço do Abandono somos abandonados,
E ainda assim encontrar centenas de milhares de borboletas
Por entre as minhas mãos cheias de histórias e violetas.
Buscar em um beijo uma evidência de amor,
Encontrar no amor o persuasivo sentido de viver;
Sentir sem sombra de dúvidas a sombra de renascer
No abraço despido de si o êxtase da sexual dor.
Sou um rio de egos sem eus e regatos,
Sou um estado independente de estados,
Eu sou deus: judaizante, pagão cristianizado!
Sou a condenação em se viver libertado.
E no inferno do ódio desencavar o paraíso do amor,
E no poço da escuridão tatear alguma fenda de luz,
Cantando todo o silêncio em que o mundo não reproduz,
Castrando cada máscara personificada e arrancada
De nossas faces cheias de mentiras, vaidades e fachadas.
As asas das borboletas em teu rosto belo e frio
São as tristes lágrimas das correntezas do rio
A colher a sede e o fruto do amor em teu olhar;
Na taça do teu beijo e afeto para sempre poder
As nossas almas juntas e de mãos dadas viver;
Tu és o meu alento da alma e eu sou o teu ser!