O sopro
Havíamos nós em abismos que não cabia em nós,
Desatamos cada detalhe do que fomos,
Mas alguns precipícios instalaram-se em nós,
Nós nus de quaisquer sentimentos,
Apenas o medo de que a canoa virasse.
Ele estava sem chão, nós sem rumo,
Ele sem entender o que ali havia, nós angustiados de dores
Que só em nós cabia, ou não havia.
Um sendo o apoio do outro, juntos sem saber o que fazer,
A solidão que acompanhava cada vida,
Estava cada vez mais latente,
E nos restava esperar que a vida soprasse,
Esperar que houvesse o sopro e que tudo ficasse bem.
Os detalhes do tempo consomem o que queremos,
Esperamos de mais e pés atados, na esperança de que valha a pena esperar.