O sopro

Havíamos nós em abismos que não cabia em nós,

Desatamos cada detalhe do que fomos,

Mas alguns precipícios instalaram-se em nós,

Nós nus de quaisquer sentimentos,

Apenas o medo de que a canoa virasse.

Ele estava sem chão, nós sem rumo,

Ele sem entender o que ali havia, nós angustiados de dores

Que só em nós cabia, ou não havia.

Um sendo o apoio do outro, juntos sem saber o que fazer,

A solidão que acompanhava cada vida,

Estava cada vez mais latente,

E nos restava esperar que a vida soprasse,

Esperar que houvesse o sopro e que tudo ficasse bem.

Os detalhes do tempo consomem o que queremos,

Esperamos de mais e pés atados, na esperança de que valha a pena esperar.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 14/10/2018
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