O amor é inocente
De toda a dor que já experimentamos
O amor de uma criança ainda assim refrigera a tristeza
De todas as guerras que passamos
O amor ainda assim nos dá motivo para sorrir
O mundo ignóbil rugi aos que ainda vivem
Não temos muito a optar
Injustiças, desamor, tanta ausência de bom senso
Assassinamos corriqueiramente o amor com extrema crueldade
Jogamos na lata de lixo os valores
Tiramos da nossa estante da sala a união
As cores já frias
As emoções como café morno
As pessoas estão secando em uma árida jaula fétida
De tudo que ainda nos sobeja
A inocência desce pela ampulheta similar a água
Nosso tempo de cultivar voa com o vento
Nossa pobre história de bons exemplos irão grafar em mais um livro escolar
Limitados a uma caixinha oca
A um sistema de cobaias
Perpétuos a um viver arbitrário
De holocaustos diários
Andamos em trilhos sobre uma paisagem enegrecida
A esperança vez ou outra ainda aparece no horizonte
Sim, para aqueles que conseguem crer
Um sorrir de uma pueril é cintilante
Permito me olhar feito uma criança
De tudo que nos resta
A inocente visão do florescer infantil.