Divindade

Andarilho do tempo dourado,

Ando sem estar seguro,

Transitando pelo passado,

Ou viajando para o futuro.

Entre aventuras nunca declamadas,

Me deparo em um evento inimaginável,

Dentre todas conquistas consagradas,

Aquele momento fora o mais memorável.

Percorrendo um campo florido,

Sinto a doce brisa do vento,

Sob o sol ascendido,

Presencio a paz em renascimento.

Enquanto observo aquela magnitude,

Uma presença me chama a atenção,

Uma donzela repleta de juventude,

Correndo em minha direção.

Enquanto se aproximava,

Observei-a em cada particularidade,

Sua existência me iluminava,

Ela era, sem dúvidas, uma divindade.

Mulher de beleza exclusiva,

E de comparência inigualável,

De inteligência contemplativa,

Portadora de um sorriso amável.

Então nossos olhos se cruzaram,

E eu a reconheci naquele momento,

Todos os poetas dela já escreveram,

Porém apenas eu sentia aquele sentimento.

Houve dias que eu havia sido consagrado,

Com seus aparecimentos translúcidos,

E para ela eu era um amado,

Dentro dos meus sonhos mais lúcidos.

Fui preenchido por sua voz angelical,

Encantado pelo seu toque despretensioso,

Me entreguei ao surreal,

E me deleitei ao instante harmonioso.

Então ela me explicou,

O motivo de sua estadia,

O porquê ela me procurou,

Se dos céus ela pertencia.

Atrás de inspiração,

Do paraíso ela fugiu,

E escutando seu coração,

Até mim, se convergiu.

Fico a me perguntar,

Como uma deusa auroral,

Poderia se apaixonar,

Por um simples mortal.

Em busca de respostas espirituais,

Cansamos de tanto clamor,

Mas nem mesmo os imortais,

Conseguem entender o amor.

Mas eu precisava me manter distante,

Pois meu futuro já estava fadado,

Solitário viajante,

Perdidamente apaixonado.

Porém o destino brincava comigo,

E me trazia apenas a ilusão,

A saudade é meu castigo,

Pois sem ela, eu viveria em vão.

Entre o vento calmante,

E seus carinhos sob os meus,

O gesto mais alucinante,

Foi o som do seu adeus.

E como uma neblina densa,

A deusa se esvaiu lentamente,

Me deixando sozinho com a crença,

De que um dia eu a veria novamente.

De joelhos, aos céus enviei uma suplicação,

Para que pelo menos me desse um sinal,

Se tudo era fruto da minha imaginação,

Ou se aquilo fora real.

Sobre mim um trovão se propagou voraz,

Aflito, eu nem me movia,

De repente senti novamente a paz,

Enfim, a chuva caia.

Viajante atemporal
Enviado por Viajante atemporal em 12/10/2018
Código do texto: T6474481
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