Nas larvas dos meus medos
Tenho pressa de requentar minha alma
arrancando-a das larvas dos meus medos
que tanto se faziam saltitar.
Tenho pressa de consertar meus cheiros
para que deixem de apenas enxergar
e possam, também, lembrar tudo aquilo
que tanto temo de atracar.
Tenho pressa de nascer de novo
quebrando a casca do ovo que setenciou meus sonhos
os impedindo de voar quando mais precisavam.
Tenho pressa de arejar meus úteros puídos
aqueles tecos de mim que poderiam esgarçar a paixão
mas que hoje só fazem desprezar meus vinténs.
Tenho pressa de virar gente de novo
mergulhando nas fronhas soberbas do perdão
aquele mesmo perdão que fiz virar pó.
Tenho pressa de arejar meus sangues
para que reencontrem seu lar, sua cor, seu cheiro
e assim, chão a chão, caatinguem meu fim.
Tenho pressa de estancar meus silêncios moucos
aqueles mesmos que, por certo, deixarei transbordar
para que, sorrateiros, tragam de volta a dor que desalojei.
Tenho pressa de não mais morrer, não mais secar,
dedilhando as ancas do meu desprezo desatinado
o mesmo que envasei, calado, num soluço qualquer.