Amigo Beto
hoje é um dia entristecido,
minha remada ficou mais lenta,
é quase um sopro de fuga...
parece que me falta um braço de força,
energia para vencer a água que escorre da fronte.
o leito do rio, agora,
é o meu corpo:
nele não há barcos,
nele não há peixes,
nele não há nada
a não ser, um poço de saudades.
o seu canto ficou esquisito,
já não o ouço chamar o meu nome
nem tenho um guia
que me leve para a margem,
estou à deriva, como um menino
que se perdeu entre o fundo e o raso.
hoje não vou pescar:
talvez eu cante
talvez eu chore
talvez você me escute
nesse seu silêncio
que me dói na alma
... talvez?!