Nossa vez
Poderíamos agradar
A ética do tradicional
E sermos somente calor
Sem ser exatamente o fogo
Poderíamos acalmar
Esse apetite infernal
E sermos amor
Sem o fazer logo
Poderíamos nos afastar
E domar esse pendor à nudez
Sermos rio sem correnteza
Flores sem urgência do pólen
Poderíamos demorar
Nas falas próprias da mudez
E desprezarmos a certeza
Que chegou a hora do hímen
Poderíamos até, fingir
Inventarmos cartas de amor
Timidezes que já não vestimos
E travarmos nos beijos de novas idades
Mas já não sabemos fugir
Esse mandato hormonal ao calor
E faz tempo que já nos despimos
Aptos pra viver outras curiosidades.