O GAÚCHO SOLITÁRIO
O GAÚCHO SOLITÁRIO
Fernando Alberto Salinas Couto
Ouvindo o zunir do vento minuano,
o gaúcho lembra sua guria morena,
a gaúcha de olhar meigo e sereno
que teria partido para a vida eterna,
deixando, com ele, apenas a solidão.
Num CTG, busca matar sua saudade,
ao forte som da gaita de oito baixos,
entre roupas típicas no rústico salão.
E com lágrimas rolando rosto abaixo,
revela o grande vazio em seu coração,
mais amargo que o mate do chimarrão.
Mas com aquela sua garra farroupilha,
ele ainda consegue até cantar e sorrir,
curtindo churrasco e cigarro de palha,
esperando o reencontro que há de vir,
acreditando numa vindoura felicidade.
Com calça bombacha e lenço vermelho,
entrega-se às suas pitorescas tradições
e declamando como todo poeta velho,
extravasa suas incontroláveis emoções,
sonhando com seu amor na eternidade.
RJ – 03/10/18