CÃO SEM DONO

Cão sem dono

No completo abandono

Um dia já teve um lar

Quando era bem novinho

Era também bem bonitinho

Tinha alguém para brincar

Recebia tantos carinhos

Ganhava tanta ração

Ganhava também uns ossinhos

Saciado no sofá para deitar

Tinha tosa, tinha banho

Ninguém era estranho

Quando ia passear

Tinha nome o bichinho

Chamavam-no de Fofinho

Tinha até o pedigree

Como era cão bacana

Vinha toda semana

Táxi pet a lhe buscar

Mas o tempo foi passando

Tudo foi se transformando

Até que tudo mudou

Agora o cãozinho

Estando bem velhinho

E um pouco ceguinho

Trabalho começou dar

Num belo final de dia

Quando sol se escondia

Eu pude testemunhar

Foi largado bem distante

Num lugar esquisito

Sentia-se tão aflito

Não sabia como voltar

Perdeu nome e pedigree

Perdeu também o seu lar

O seu mundinho ruiu

Tornou-se então o coitado

Mais um cão abandonado

Por aí a vaguear

Hoje sob a luz da lua

Vagueando pelas ruas

Sem local para ficar

Com as pernas feridas

De pedradas e mordidas

Pelos becos a ladrar

Disputa nos montes de lixo

O pão velho vira petisco

Para a fome saciar

Esta estória é a tua?

Que abandona na rua

Que carinho lhe deu

Acha que ninguém viu

Este ato acha que ninguém percebeu

Por certo tu se esquece

Que acreditas em Deus.

(arnor milton)