Sumidouro

Eu não quero o ritmo

Só quero te ser íntimo

Quero por ti ser visto

Que me vejas de dentro para fora

Que escutes o bater do meu coração

Que sintas cada batida agora

Mas já não posso esperar por isto

Por ter teu olhar assíduo

Perpassando cada linha do meu verso

Que me entendas unicamente te peço

Por cada esforço alvoroçado e indigesto

Mas tão intenso e puro quanto pode ser perverso

De não te ter se enraizam as dores

Sofro por imaginar leres outras letras

por te pintares em tantas cores

por não interpretar teus desabores

por ver teu olhar nas outras flores

por não me veres sozinho à noite

Aí amor! Não sou rumores

Nem sou algo para supores

Se tu não guardas o meu alento

Saio vadio pelos ventos

Em direções de um rumo só

Do branco esquecimento

Eis-me que desapareço

Na espuma branca do mar

No meu vazio imenso

Me lanço e te esqueço

Eis-me em todo desapreço

Em nada em que me possas olhar

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 05/10/2018
Reeditado em 05/10/2018
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