Sumidouro
Eu não quero o ritmo
Só quero te ser íntimo
Quero por ti ser visto
Que me vejas de dentro para fora
Que escutes o bater do meu coração
Que sintas cada batida agora
Mas já não posso esperar por isto
Por ter teu olhar assíduo
Perpassando cada linha do meu verso
Que me entendas unicamente te peço
Por cada esforço alvoroçado e indigesto
Mas tão intenso e puro quanto pode ser perverso
De não te ter se enraizam as dores
Sofro por imaginar leres outras letras
por te pintares em tantas cores
por não interpretar teus desabores
por ver teu olhar nas outras flores
por não me veres sozinho à noite
Aí amor! Não sou rumores
Nem sou algo para supores
Se tu não guardas o meu alento
Saio vadio pelos ventos
Em direções de um rumo só
Do branco esquecimento
Eis-me que desapareço
Na espuma branca do mar
No meu vazio imenso
Me lanço e te esqueço
Eis-me em todo desapreço
Em nada em que me possas olhar