A visita cruel do tempo

Ele me visitou hoje

E o amanhã tornou-se ontem,

Chehar a caminhos sobre os quais não chegaríamos,

Lutar guerras que não são nossas,

Perder-se no agora que acaba de passar.

Ele nos visitou ontem

E o amanhã é o hoje que se perdeu no agora,

O cheiro de frutas cítricas me remetem a ti,

O sabor das amoras, a delicadeza dos cajus,

Tudo começa a fazer sentido.

Pego o telefone e te ligo ontem,

Na esperança de te ouvir amanhã,

Porque hoje ainda é abstrato,

E dentro dos meus vazios não cabem x ou y.

Foi uma visita cruel,

Pois me fez perceber que ele passa

E, ainda que queiramos, não volta.

As mais irrugadas, o rosto perdendo a altivez,

A oele perdendo o brilho e eu me perdendo no tempo

Que nos separou...

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 02/10/2018
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