O MATERIAL FEDOR HUMANO

Ao desfecho de nossa vontade atendida

segue o barulho da descarga sanitária,

partida que tem ruim aroma de fedida,

que vem de nossa ação de pessoa solitária.

É nesta vida que se fede desta forma

ou na decomposição do corpo sem vida.

Na segunda o homem não se informa,

mas na outra vê a transformação de sua comida.

Neste revelado processo há o material,

há a realidade desta vida tão somente

e jamais se padece com tal coisa trivial.

Há fedor por se estar sabidamente vivo,

feder–se–á se morto definitivamente

no voltar ao pó ou na morte do ser ativo.

Salvador, 2001.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 01/10/2018
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