O MATERIAL FEDOR HUMANO
Ao desfecho de nossa vontade atendida
segue o barulho da descarga sanitária,
partida que tem ruim aroma de fedida,
que vem de nossa ação de pessoa solitária.
É nesta vida que se fede desta forma
ou na decomposição do corpo sem vida.
Na segunda o homem não se informa,
mas na outra vê a transformação de sua comida.
Neste revelado processo há o material,
há a realidade desta vida tão somente
e jamais se padece com tal coisa trivial.
Há fedor por se estar sabidamente vivo,
feder–se–á se morto definitivamente
no voltar ao pó ou na morte do ser ativo.
Salvador, 2001.