Ode à Dúvida
Está suspenso em uma ferida acesa
Entre o silêncio e o gesto antecipado,
Fonte do medo
Sombra dos ímpetos
Mãos que desfazem os nós da razão
Semente da nossa ilusão.
Trancado em carne e sangue de um anjo torto
Fantasiado e fustigado por seus delírios,
Lobo de si mesmo, rei e bobo consubstancial
De um pungente desejo que arde os sentidos
Sobre uma chama em flor de um fogo vermelho
Espalhando pelas veias como raízes incendiárias
Compondo teu estro a esmo finito.
O barco ébrio sai sem leme e vela
No coração colérico da juventude
Rodando mares tão diversos
Sem versos prontos,
Rostos fugazes
Delíquio dos sonhos
Destino e desatino
A vida nas mãos
Da Dúvida...
Dezembro, 2017