Quando eu me vi poeta
Quando eu me vi poeta
O verso era reverso
O março era remorso
Desfazendo o drama
Refiz o verso
Rimei com março
Cobri a trama.
Quando eu me vi poeta
O descaso não vinha ao caso
O largo tornou-se raso
Desatando a sangria
Refiz a poesia
Rimei o caso
Abracei a alegria.
Quando eu me vi poeta
O medo emudeceu
A dor adoeceu
O verso se fez chama
Refiz o poema
Rimei o meu eu
Amei a dama.
Quando eu me vi poeta
Entre a hora e aurora
A dama adormeceu
Beijei o poema-dona
A rima se perdeu
Te vi como Matrona
E eu o teu plebeu.
Quando eu me vi poeta
A vida já fora vivida
Amarga margarida
Afaguei o mar
O traço iluminou
A lira despertou,
Mas não sei poetar.