CARNALÍTICA
É de dois em dois anos
Nas ruas
Em todas
Até nos lugares esquecidos
Aparecem eternados
Aterrados
E até internados
Abusados
Prometem empregos e mundos
Sem terem pra dar
Promessas que ficam
Só para o antro
De patrocinadores
Na promessa
Todos vão sair
De casa
Com a fantasia
No corpo
E esfregada na alma
A lambada e o forró
São os ritmos preferidos
Acompanhados de um kit
Não um kit escolar
Mas o esperado
kit pra alma
Uma cachaça
E um refrigerante
Nas ruas o povo
Segue
O idolatrado num ritmo
De crianças de colo
De pescoço
De adolescentes pré alcoolizados
De mulheres de olhares pardos
Homens mistícios
A terceira idade adiante
Segurando a pipoca
O pai alcoolizado
Puxa das mãos da criança
As últimas dessas
Para tomar a sua
Enganosa pingapolítica
Passando pelos homens
Até o saco
Ser jogado na rua
Sem gari
No palco principal
Só olhares
Morto
Não paga promessas
Nem realiza
Até os próximos
Ressuscitados.