A idade dos rios
Aqui lhe infinito no mistério do daqui a pouco
E rasga e umedece minha alma de couro cru
O seu cheiro de peixe, de iaras, de pedra
Sobe até onde posso alcançar sua plenitude
Queria apenas ficar ás suas margens sedentas
E pisar no seu barro que brinca com minhas formas
Eu um menino que já foi vazio, agora de água doce
Preencho-me até as bordas do meu corpo diminuto
Não há como fugir de sua vasão, do seu curso
Pois me alcança até em sonhos fragmentados
Eu já na cidade imensa, ainda lhe penso grande
Perto de suas águas sou apenas cabeça e olhos
Hoje velhos, tanto o menino como o rio
Velhos de poucas palavras, afastados pelo destino
Um corre quieto, outro corre vazio, e se vão
E bastasse apenas um choro, uma lágrima para derramarem-se
Milton Oliveira
25set/2018