POESIA, AQUI ESTOU!
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A Fernando Pessoa
Longilíneo,
Esguio,
Anguloso,
Fugidio!...
MultiPessoa
Singularidade
de
Variada pluralidade!
Big Bang... Explosão
Duma Personalidade
Doutra Dimensão!...
(autora: Teresa Morais Trigo)
Para a querida amiga Teresa que, como Pessoa, tem a Poesia como
segunda pele:
POESIA, AQUI ESTOU!
Vivo das vontades do tempo.
Visto-me de saudade e silêncios que sou.
Fabrico na urdidura dos sonhos meu alimento.
Poesia, aqui estou!
Quantos "eus em mim habitam"?
De quem as vozes que meu ouvido sempre escutou?
Que mão desconhecida escreve os versos meus?
Apenas sei que "sou e não sou"!...
De mim sinto saudade, sinto falta de mim...
...Quando os braços da manhã me acordam
e me trazem, de leve, o aroma antigo da serra,
da urze, do fiolho, das giestas e do alecrim...
Uma parte de mim está ausente. De mim sinto falta...
Quando penso em cada pedacinho de chão,
em cada revoada d'andorinhas que a vida m'ofertou,
posto que a alma pertence à terra que a gerou...
Triste fado este de ser poeta!
De precisar de escrever nas horas de solidão!
De querer entender o que é inentendível,
de sentir apenas com o coração...
Triste sina esta de nascer-se só e partir-se só!
De querer alcançar a última estrela e jamais voltar…
De ter que disfarçar lágrimas com sorrisos!
De carregar uma saudade do tamanho do mar...
Essa mesma saudade que jamais me emudece,
ainda que o frio outono se aproxime - eu ainda sou!
E ainda que as palavras morram sem ter verbo,
Poesia, aqui estou!
Rio, 25/09/2018
Ana Flor do Lácio