O gosto da vitória
Quiseram saber qual era o gosto da vitória.
Foram vasculhar em todos os povos, até naqueles nos confins mais confins do planeta.
Muitos não entenderam a pergunta, porque nunca tinham se untado um tiquinho que fosse desse gosto.
Outros com vitórias a granel cravadas nos seus passos, não souberam responder, alegando a multiplicidade de gostos que os impedia de eleger um único que representasse os demais.
Mas era preciso ter uma resposta, não tinha como escapar dessa missão.
Viram, então, uma formiga percorrendo seu chão carregando uma folha muitas vezes maior do que ela.
Todos observaram aquela minúscula criatura expressando um esforço descomunal para conduzir a folha até o formigueiro, desviando de obstáculos, fugindo das pisadas dos homens, fazendo o impossível para chegar ao seu destino.
E quando chegasse, demorando o tempo que fosse necessário, não receberia nenhum obrigado, parabéns ou qualquer manifestação reconhecendo seu imenso esforço.
Simplesmente retornaria ao local de origem, lidando com os mesmos desafios da primeira vez, pegaria outra folha, talvez até maior do que aquela que havia levado anteriormente ao formigueiro.
Assim faria quantas vezes mais pudesse, até não aguentar mais e morrer.
Então foi compreendido o gosto da vitória. Não precisaram procurar mais por outras respostas.