Canto livre sem nome

Existe um Renoir brincando com a areia

Que escorre de nosso presente

Para desenhar nossas lembranças,

Ha qualquer coisa de morno

Nos turbilhões vividos no passado

Quando olhados pela lente do presente,

Inventando histórias sobre nós,

A nostalgia abraça mais pecados

Do que qualquer pretensão religiosa

Enquanto a saudade reconcilia

Humanos despatriados da vida

Nos cenários fugazes da mente

De um ente esquecido pelo tempo,

O coração humano foi forjado no cinismo

Para ser capaz de perdoar qualquer absurdo,

Nenhum orgulho sobrevive

Ao sorriso do crepúsculo

Na mesma medida que todo desprezo

Cede lugar a um adeus definitivo,

É preciso ter os olhos contaminados

Pela candura do horizonte final

Para tratarmos nosso presente

Com uma atmosfera de nunca mais

Que nos mostra cada ato simplório da vida

Com uma beleza extraordinária,

Onde cada insignificância

Torna-se uma transgressão,

Todas as figuras de palavra, carne e sangue,

Todo corpo de rostos, gostos e cheiros,

Todo delírio sonoro que invade meus sentidos

Incendeia minha fome e sede insaciável de mundo,

Quero exaurir-me de tudo que posso ser

E com essa virtude vou pelas ruas do acaso

Para esgotar todas as possibilidades de você.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 23/09/2018
Reeditado em 23/09/2018
Código do texto: T6457147
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