TERNO E GRAVATA

TERNO E GRAVATA

Elane Tomich

Nunca mais tira tua roupa

Não quero a tua nudez...

Por caridade me poupa

De ver tua fragilidade

De ver-te tão de verdade

De amá-lo sem ter volta,

Despido da mesquinhez,

Da máscara que te escolta...

Eu te amo tanto, tanto

Que venci os meus limites.

Não mais existo em meu pranto,

Perdi a identidade

Tropecei, caí do cume,

Sou tantas, sem nome e idade,

Sofro em teu sonho triste.

De fêmea viro acalanto

Nino teu mau humor

Faço massagens de amor.

Guardo em cofre meu ciúme

E abro mão da alegria

Se tu queres outro canto

Veste teu terno e gravata

Volta à tua fantasia

Que este é teu papel

E eu não sou tua errata.

Sofres na ventania,

Da história sem memória.

Vá, deixa aqui tua nudez

Não sou a bola da vez,

Serei sempre a que espera

Quando rompes tua esfera.

Teu quintal, jaula de fera.

Não posso mais te ver fraco

Torno-me água sem frasco

Me derramo em perfume,

Em teu querer de queixume...

Amor demais, tanto assim

Arranca a alma de mim.

Não posso mais te ver triste

Pois te amo sem limites.