... e o licor de tamarindo
flutua no céu da boca,
como a saliva mais louca
sorvida dos beijos teus...
Líquido tempo esvaindo
no mel dos pecados meus.
O meu pé de tamarindo
abre copas de aconchego
num fresco abraço de sombra.
Desejo e medo não nego,
estão no chão desenhados,
mesmo após ruir o teto
de todo amor desdenhado,
ruínas de tanto afeto.
O tronco do tamarindo
protege-me de outras sombras,
me abraça, me empresta o ombro
o tempo parece infindo.
Então choro o que não fiz.
Lágrima descontrolada
acha o veio da raiz
broto que sai do chão,
cheiro de terra molhada,
você, meus avós sorrindo
de alguma parte do nada...
...mas no gosto do licor
o tempo teima e diz não,
tanto faz... Dor ou amor!