A falta
É essa falta que rói...
É essa falta que pulsa...
Talvez seja ela que me faz viver.
Uma falta nunca preenchida,
um desencontro interminável,
uma mágoa doce guardada na garganta...
essa mágoa desesperada que transborda no choro,
esse choro infundado que molha o espaço entre nós.
Não há causa,
não há explicação exata...
há apenas essa falta
e as mágoas que ela traz.
E agora há ainda a consciência,
essa bendita maldição
que rouba a calma e esvazia a alma...
esperanças, nunca mais!
E a consciência da falta não a preenche,
mas a faz mais funda...
e mais insuperável.
E essa falta pulsa,
ela tem fome,
ela tem frio.
E esse choro volta,
ele não tem fome nem frio,
ele está pleno e quer se esvaziar.
E você me pergunta
e resposta alguma me vem...
Me falta ar...
me falta ar.
Tenho frio e tenho fome.
E resposta nenhuma me vem.
E você me falta...
sempre vai me faltar.