Acho que me perdi por ai
Tenho deixado coisas por ai,
Papéis, poesias, fotografias.
Gente... Me socorra!
Acho que me deixei um pouco também
Na casa antiga
Na tinta da parede descascada,
Na porta fechada à chave (perdida)
Naquele quarto sem sol,
Nos textos daquele blog antigo.
Acho que fui embora um pouco
Naquele amigo que partiu para o interior
E levou as boas lembranças.
Filhos, me socorram!
Acho que deixei com vocês o meu melhor
E me joguei fora um pouco
Naqueles trastes antigos
Que o lixeiro levou ontem.
E o meu cheiro, nem sei, deve ter ficado no corpo de um antigo amor.
Agora estou aqui
Sóbrio na cidade ébria,
Procurando um espaço para o meu tédio,
Subindo o mesmo prédio todo dia,
No mesmo horário,
Perdendo o sol da manhã...
Enfim, sólido e hirto e o País derretendo.
Nem sei se existo ainda,
Em que mundo fiquei que nem percebi...
Acho que fui junto e nem saquei,
Na roupa velha que foi embora no corpo daquele mendigo,
Na camisa carcomida pelo tempo
E que virou pano de chão com todas cheiros e lembranças antigas.