Extremidade
Nas extremidades do vazio
o passo se move ofusco
a palavra dorme no silêncio
o beijo nasce na face muda
o tempo fecunda gotas do destino
o passado exala a cor viscosa da alegria
cheiro o tom das rosas, ervas e violetas
descalço o medo que ainda faz doer
expeço meu canto líquido
que debruça nas asas de um blues empoeirado
entono notas que afia verbos
e o choro que andava ilhado
cicatrizei o brilho da luz negra
e suas vertigens
bebi o cálice que faz voar
despi o sonho e a vida
como uma causa perdida...