Sina humana e outras pequenas...
Sina humana
Foi da mórbida consciência
Que evoluímos
Que sabe mais do que deveria
Foi do alcoolismo
Que nos faz ver estrelas
E perguntar sobre a imensidão
Excessiva responsabilidade
De ser um ínfimo
diante da totalidade
Fugimos pra fantasia
Na ilha que mal sabemos
Nos deixamos na infância
Não aprendemos a chorar com coragem
E covardes
Amamos o sol
E sua ilusão dourada
Achamos que somos o centro
Mas não há dimensão para o nada
O momento
Que eu queria chorar eu aguentei
E disse que está tudo bem
Mesmo sem estar
O momento que eu pensei em chorar
Eu sequer tentei
Não faria sentido lutar
Poeta radioativo
Eu sou um ataque nuclear
Vem direto d'alma
Como um buraco negro
O meu nada
Se comunica com o seu
E redescobre o mundo, todos os dias
Envelheço os jovens
Lhes causo mutações incuráveis
Lhes faço chorar
Rir, sem ter razão
Sou o portal
Onde eu mostro
Com a minha poesia
Onde os pés não caminham
Apenas a imaginação
No reino dos que não se veem
Maior a humanidade
Menores os olhares curiosos
Menor o interesse pelo outro
Nas grandes cidades
Urbes, urge
O espaço acima do tempo
Relógios não são mais fins
Rostos, não mais mistérios
Mas pés
Momentos se tornam consumos
No reino dos grandes centros
A multidão engole tudo
E somos a multidão