FLORES E ORVALHO
Deitei minhas flores na relva,
De orvalho banhadas,
Pela serena manhã
De uma longa madrugada.
Minhas flores
Eram flores coloridas,
Todas elas escolhidas,
Pra enfeitar com vida
Meus dissabores...
Falei à madrugada
Que não despertasse a aurora,
Sabendo, muito embora
Que já fosse a hora
De o dia clarear.
E enquanto o sol dormia
Pedi aos passarinhos,
Que não fizessem ninhos;
E seus cânticos não entoassem
Em coral com seus vizinhos.
Abri minha janela
Nunca vira, com certeza
A natureza, tão bela!
Porém, o sol despertou.
E ainda de olhos cansados
A aurora assustou.
Corri
Pela relva verde,
Com pressa pra chegar.
Recolhi minhas flores
Sacudindo
Suas gotas orvalhadas,
Como a brisa no mar.
Agradeci aos passarinhos
O silêncio dos seus ninhos...
Meditei, por muito tempo
Na quietude dos ventos,
E espantei, sorrindo
Os meus lamentos.
Depois, Voltei
Abraçada com minhas flores
Pra enfeitar com vida,
Meus dissabores...