MEU NOME É NADA

Eu sou o antes e o depois, nunca sou a hora exata

Eu sou a lucidez e a ressaca, nunca sou a embriaguez

Eu sou uma pedra bruta que o tempo não consegue lapidar

Eu sou pela manhã o que à noite não posso ser

Eu sou o vazio que existe entre dois olhares

Eu sou aquele beijo que nunca aconteceu

Eu sou uma vontade de dizer qualquer coisa

Eu sou um momento de silêncio depois de um barulho intenso

Eu sou no aconchego a vontade de permanecer

Eu sou aquele que chega e aquele que parte, nunca aquele que fica

Eu sou o que o mundo espera, nunca o que o mundo vê

Eu sou o dia nublado e os rios cheios, nunca a tempestade

Eu sou o que apenas responde vagamente,

Nunca o que pergunta sobre outras vidas

Eu sou o que foi e o que será, nunca o que é

Eu sou o se e o talvez e todos os absurdos possíveis

Estou entre a rua e a porta de entrada das casas urbanas

Eu sou o silêncio e a solidão daqueles que são ignorados

Eu sou um objeto perdido em meio aos destroços do mundo

Estou entre os inícios e o êxtase e o meu nome é nada.

João Barros
Enviado por João Barros em 11/09/2018
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