MEU NOME É NADA
Eu sou o antes e o depois, nunca sou a hora exata
Eu sou a lucidez e a ressaca, nunca sou a embriaguez
Eu sou uma pedra bruta que o tempo não consegue lapidar
Eu sou pela manhã o que à noite não posso ser
Eu sou o vazio que existe entre dois olhares
Eu sou aquele beijo que nunca aconteceu
Eu sou uma vontade de dizer qualquer coisa
Eu sou um momento de silêncio depois de um barulho intenso
Eu sou no aconchego a vontade de permanecer
Eu sou aquele que chega e aquele que parte, nunca aquele que fica
Eu sou o que o mundo espera, nunca o que o mundo vê
Eu sou o dia nublado e os rios cheios, nunca a tempestade
Eu sou o que apenas responde vagamente,
Nunca o que pergunta sobre outras vidas
Eu sou o que foi e o que será, nunca o que é
Eu sou o se e o talvez e todos os absurdos possíveis
Estou entre a rua e a porta de entrada das casas urbanas
Eu sou o silêncio e a solidão daqueles que são ignorados
Eu sou um objeto perdido em meio aos destroços do mundo
Estou entre os inícios e o êxtase e o meu nome é nada.