O poema

O poema

crista de vento e falo

ereto como uma trombeta premeditando o seu fim

adunco dedo apontando a cova

des_ova de prótons e prodígios

vocábulos

búfalos incendiários da paz

gárgula e córcova de grutas

dráculas postiços mestiços tesouros

empoleirando manhãs

cai a tarde como dor na espinha

círculo centrífugo no peito

desfiando o peixe isca filigrana

finitude da grama

espinha partitura ao meio

música de câmara parada no ar

colibri sem asa

o poema em queda em torno da luz

cupim sem asa

perdido do voo

roendo a madeira

Travessia no tempo

poeira

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 07/09/2018
Reeditado em 07/09/2018
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