VELHA PÁGINA
VELHA PÁGINA
Os sonhos vão morrendo
E vão matando a esperança
Suspiro a desventura
Das ilusões fenecidas
E das mágoas estabelecidas
Tarde de inverno
Sem quiçá primavera
Para abrir janelas
Há espiral sequela
De anos pensados vividos
Foram sim passados
A ferro e fogo
Sem direito a rogo
Por se achar missionário
De mundo melhor
Em clarão de estrelas
Que já não se consegue vê-las
Apagaram-se ou foram cadentes
E o céu agora é deserto
Tão longe tão perto
O oceano é triste
Sem sal sem ondas
O dedo em riste
Acusa a culpa
Com rosas na mão
Espinhos em comunhão
Não há beijos
Sequer abraços
Cansados os braços
Imóveis sem forças
Sem conseguir apontar caminho
Peno e definho
Da sepultura me avizinho
E volto a cada lugar
Em extrema solidão
E passarinhos
Não cantam mais
Não há canção
Quem sabe haverá descanso
Num lago manso
Ou água aos borbotões
Olho os botões
Que abotoam a madeira
Sobrará a pouca madeixa
Ossos e escuridão
Ante quem sabe luz
Vagamente na ermida
Quem sabe tida
Como ressurreição