Capítulos do desvanecer

Não sinto nada

Estou estagnada.

Se hoje choro de remorso

Amanhã doerá meu dorso.

Existo apenas

Vazia em flores pequenas.

De dor e paz

Completamente incapaz.

Andando em círculo

Morte especulo.

É a única luz no fundo

Já me tornei defunto.

Sem conseguir amar

Verdadeiramente sonhar.

Perdi o gosto

Virei sujeito posposto.

Em que o verbo matar

Vem antes da minha vontade de caminhar.

Anterior ao meu EU

Esfaqueio-me como arte em museu.

Uma obra singela

Vermelho fraco como em aquarela.

E a minha tela já terminou

Rasguei papel enquanto você acreditou.

Crendo na minha força

Porém a sombra reforça.

Minha miserável existência

É uma irônica divergência.

Aquela vontade de deixar o coração bater

Até minha alma esvaecer.