Coração

POEMA: Coração

Barquinho viajante, à vela navegar

que carrega tanta gente sozinho no mar.

Ao horizonte infinito corre a maré;

que coitado! Sofrido! Esse barquinho é...

Madeira toda ruída, cupins do tempo

que dilaceram e sangram sem perdoar,

que me lembra e que me dói a todo momento,

e o barquinho veleja sozinho no mar.

Ao mastro a bandeira vermelha, aquela estrela

no alto, que nutre as nuvens, busca trazê-la,

mas o vento sopra forte, e sopra ao norte;

as ondas ao barquinho já trazem a morte.

De mastro caído e de bandeira rasgada,

que nada... e nada! Só queria é andar...

O barquinho vermelho - o navio pirata -

ele sonha com estrelas à beira-do-mar...

Mas a solidão pesa o peito, chora o barco.

A esperança do alto ou da beira o faz fraco

e não nada na onda, nem vira pro vento,

só sonha com terra ou com ele morrendo.

Barquinho viajante, as suas velas pararam

e todos os seus sonhos no mar afundaram.

Um pedaço de aço à praia parou

de baixo da estrela qual tanto sonhou.

Lucas Häkkan
Enviado por Lucas Häkkan em 04/09/2018
Reeditado em 05/09/2018
Código do texto: T6439204
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.