Que Deus lhe Pague!

O sujeito se gaba de ser arquiteto,

De possuir uma educação britânica!

Mas o carro é 1.0, com furo no teto,

Logo traz para esta maldita mecânica.

O automóvel estava uma desgraça,

Sorte que também sou bom funileiro.

E ainda soltava muito mais fumaça

Do que pai de santo em terreiro.

Eu simplesmente o conserto.

E na hora de me pagar, enrola;

Profere que nada deu certo,

Chora e diz: — O que faço agora?!

"Nem mesmo tenho cartão de crédito"...

Implora pelo famoso pagamento fiado.

Contou drama comovente e bem inédito.

Compadecido, deixo o valor pendurado.

Na mesma hora extravasa de alegria.

Entoa benção: — Que Deus lhe pague!

Só duas semanas depois, eu descobriria

Que o puto era um grande estelionatário.

Seria melhor ter mandado a real,

Mesmo na sonoridade destoante,

Visto que de setembro até o natal,

O calote viria de fato galopante.

Mas agora já era. A tal pessoa,

Não me pagará tão cedo.

Muito desagradável me soa,

Conheço bem esse enredo.

Não obterei o menor percentual;

Afirmo com indubitável juízo:

Só sei que me dei muito mal,

Por fim saí num total prejuízo.

T S Sevla
Enviado por T S Sevla em 04/09/2018
Código do texto: T6439199
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