ZILLAH AO ENCONTRO DE ZAMBA

Em Charleston, era grande a saudade

Que Zamba, de Zillah sentia

E nas margens do rio Congo, dia após dia

Sentada, Zillah esperava vê-lo de volta

À noite, deitada, imensa era a falta

Que Zamba, seu amor, tanto lhe fazia

Por isso, uma coisa apenas dizia:

“ Se d’América, o navio que chegar

Eu juro, hei de m’entregar “

Ao ver atracar “ The Hunter “

Proveniente do estado da Carolina

Zillah, sem medo, em surdina

No porão foi se esconder

Por entre o vasto amontoado

Do lastro a base de ferro

Naquele porão bué fundo

Bastou num velho estrado

O prego saliente, e o cheiro a esturro

Para fazê-la suspirar “ah, que lugar imundo!”

Em Charleston, como ígneas chamas

Rápido s’espalhavam as notícias

D’embarcações prestes a chegar

E Zamba foi também, ver as almas

Todas negras de quantas agonias

Fatigadas da sempre difícil travessia

Do porão, à granel, a carga viva saía

Quando em alto sôo

Do fundo uma voz ele ouviu:

- “ Zamba, meu amor! ”

E num salto, qual vôo

O vendaval d’emoções qu’ele sentiu!

Naquele abraço tão forte

Foi mesmo uma grande sorte

Alberto secama 21-Ago-18

Alberto Secama
Enviado por Alberto Secama em 04/09/2018
Código do texto: T6439184
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