ZILLAH AO ENCONTRO DE ZAMBA
Em Charleston, era grande a saudade
Que Zamba, de Zillah sentia
E nas margens do rio Congo, dia após dia
Sentada, Zillah esperava vê-lo de volta
À noite, deitada, imensa era a falta
Que Zamba, seu amor, tanto lhe fazia
Por isso, uma coisa apenas dizia:
“ Se d’América, o navio que chegar
Eu juro, hei de m’entregar “
Ao ver atracar “ The Hunter “
Proveniente do estado da Carolina
Zillah, sem medo, em surdina
No porão foi se esconder
Por entre o vasto amontoado
Do lastro a base de ferro
Naquele porão bué fundo
Bastou num velho estrado
O prego saliente, e o cheiro a esturro
Para fazê-la suspirar “ah, que lugar imundo!”
Em Charleston, como ígneas chamas
Rápido s’espalhavam as notícias
D’embarcações prestes a chegar
E Zamba foi também, ver as almas
Todas negras de quantas agonias
Fatigadas da sempre difícil travessia
Do porão, à granel, a carga viva saía
Quando em alto sôo
Do fundo uma voz ele ouviu:
- “ Zamba, meu amor! ”
E num salto, qual vôo
O vendaval d’emoções qu’ele sentiu!
Naquele abraço tão forte
Foi mesmo uma grande sorte
Alberto secama 21-Ago-18