RETROVISOR

RETROVISOR

Cai meu chapéu ao chão
não olho, deixo rolar
          (nego veemente olhar pra baixo)

tenro, um pouco e tanto
continuo o caminho todo vestido de branco,
elegante, de terno branco de linho branco,
         (busco a paz)
perfume dourado
carteira vazia
glamour na periferia
dirijo adiante-veículo, buscando talvez te encontrar
e nesse afã
passo a colher brancas flores como se fossem promessas passadas
que nem sempre florescem no futuro verão. 

Brancas nuvens, eu já me tornei mestre em ilusão,
aliás... 
seja num filme colorido ou preto & branco 
mas uma coisa é certa: jamais hei de olhar para trás...

(não torço o pescoço)
          (nego defeitos)
                    (desconecto o passado)

tenho também meu orgulho - que mui me sustenta
e isso também me orienta

... mas ao barulho d'ouvidor
eis que te vejo, plúrima - pujante - pura - puta
envoltas em plumas brancas, 
em lábios-sorriso, afável & sedutor
pelo meu espelho retrovisor.

(fim)


 
No querer de um futuro de (em) paz, 
oferto-te o branco;
é que na simbologia dessa cor num papel
tudo se pode, enfim, (re)escrever.