Dois túmulos negros

Folhas quebradas de acanto caem sobre

Os túmulos enregelados... A noite desce em

Inquietantes sons de fantásticos dizeres,

Na lua vaporosa e quieta os espectros

Conquistam o coração do mundo ao sentir

Toda essência vivida no momento da emoção.

Túmulos deixados como formas vazias, como lugares

levados por uma força que resiste a viver a respiração

Deleitosa da felicidade, flocos de neve a cair em madrugadas

Frias e que choram na mais completa insatisfação existencial.

Um torna-se mirada funesta de espectros sofredores,

Laje fria de moldes inquietos e inacessíveis, laje

Secreta de alguém que merecia ter vivido em tempos

Inesquecíveis e estéticos, espectros sorriem em linguagens

Incomuns vivendo suas dores como espectros ausentes.

Sobre o outro letras góticas apagadas, riscadas pelo Tempo

Dorme em profundo sono, nos sonhos nebulosos, mórbidos,

De vidas que passaram no caleidoscópio metafísico

Sussuram aquelas vozes do Medo do absurdo e da Dor.

Noites divagando concertos alados que espectros

Dançam sobre flâmulas azuladas, dançam em córceis

Cadavéricos a chorar gotas de piedade que jamais

Caem sobre o sol, mas fecundam todos os túmulos!

Martin Schongauer
Enviado por Martin Schongauer em 04/09/2018
Código do texto: T6438850
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