Dois túmulos negros
Folhas quebradas de acanto caem sobre
Os túmulos enregelados... A noite desce em
Inquietantes sons de fantásticos dizeres,
Na lua vaporosa e quieta os espectros
Conquistam o coração do mundo ao sentir
Toda essência vivida no momento da emoção.
Túmulos deixados como formas vazias, como lugares
levados por uma força que resiste a viver a respiração
Deleitosa da felicidade, flocos de neve a cair em madrugadas
Frias e que choram na mais completa insatisfação existencial.
Um torna-se mirada funesta de espectros sofredores,
Laje fria de moldes inquietos e inacessíveis, laje
Secreta de alguém que merecia ter vivido em tempos
Inesquecíveis e estéticos, espectros sorriem em linguagens
Incomuns vivendo suas dores como espectros ausentes.
Sobre o outro letras góticas apagadas, riscadas pelo Tempo
Dorme em profundo sono, nos sonhos nebulosos, mórbidos,
De vidas que passaram no caleidoscópio metafísico
Sussuram aquelas vozes do Medo do absurdo e da Dor.
Noites divagando concertos alados que espectros
Dançam sobre flâmulas azuladas, dançam em córceis
Cadavéricos a chorar gotas de piedade que jamais
Caem sobre o sol, mas fecundam todos os túmulos!