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Por cima, nada mais é que um céu pesado
Ferro retorcido, lustro aço
Muito mais próximo
O letreiro com o filme anunciado
Um novo filme, já reprisado
Como se buscasse o futuro e
Atingisse o passado
Na terra, chão escavado
Os pés viram vapores
Trilhos de bonde
Engrenagens de ritmo acelerado
De motor morto, sempre alucinado
Da falsa janela abre-se outra realidade
Sem nenhuma emoção
Atinge a modernidade
Sem coração
A chuva que cai
Não faz
Poça na minha televisão
Entre os raios emitidos
Sinais compreendidos
Entre antenas de rádio
E os parachoques dos carros
Que sem nenhuma razão
Sintonizam-me em outra estação
Girando o botão
Em longas ondas
Tudo ganha um amplo sentido
Nenhuma mudança
Quando
Semeiam prédios e asfalto
De frente para a vitrine
Olho para cima
A sombra da árvore
É uma marquise
Meu futuro
Em um letreiro de cinema
Tudo escuro
Uma sessão de reprise