NA ESTRADA DE DAMASCO * Confissão

Confesso que não sei.

Assim, na praça pública e desnudo.

E sem recurso à lei

que impõe saber de mim o nada e o tudo.

Não sei por que reclamo o sol do estio,

as chuvas outonais,

as neves da invernia - céus, que frio

doendo-me de mais!

E o sol da primavera

beijando cada ninho em construção

enquanto o Tempo espera

o parto, em oração.

E quando cada espiga me mitiga

a fome só de vê-la,

escrevo uma cantiga

no lucilar ardente duma estrela.

Poema de José-Augusto de Carvalho

14 de Junho de 2011

Alentejo * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 02/09/2018
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