Ária teimosa

Essa mulher pouco conhecida

está um tanto visível.

Oculto-me alvacento mas

eis que resvalo tentado.

Vejo Gianni Schicchi com prazer

e cuido fartar a vida

rútila, amortalhada em

homem tacanho.

O mio babbino caro gira

na ária contemplada, sugerida

pelo fogo guardado

que alvorece.

Os ares gotejam num

ar de absorto sutilizando o

instante descerrado e assentado.

Sinto o opus do que é anuviado.

Um lírico tom sorri no batimento

de quem perde-se encantado.

Tateio minhas familiares paredes -

percebo certa saliência.

Ela correra de corcel alado.

Atro, ponho-me à luz da

aporia vista - o corpo vê também

a grandiloquência da amada.

Entrevista, ponderada, entanto espraia

à medida que retenho. Puxo-a com

fingida calma. O mio babbino caro

não há. A doce voz alcança a amplidão.

Emergida a contingência mais pungente

dos que desejam, habito no voo

do cômodo da casa comprida

e folheio...

O espanto de crer que se

conhece, o que é

nobre bruma tão limpidamente

próxima.

O mio babbino caro, por que

essa nau a balouçar doida

no litoral luzidio dos

que atam-se espontaneamente?

Percebo apenas a ária nevoenta

do ser aconchegando-se vesperal

e nada familiar.

Entanto... O desejo...

Abro o peito, já fuzilado

e abismado, pois quanto mais

na penumbra, mais uma

luz projeta-se

queimando vermelha na carne.

André SS
Enviado por André SS em 02/09/2018
Código do texto: T6437679
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