Amenidades e Variedades - Coletânea

Juventude

Transcende o tempo a nossa juventude

Estado de lucidez, de avidez e liberdade

Vida que se manifesta na sua plenitude

Da alegria de viver a despeito da idade

Não seja ela prematuramente encerrada

Nos tênis e calça jeans velha desbotada

Nas aventuras, rock’n’roll, drogas e sexo

Na realidade virtual, violenta, sem nexo

E de tudo hei de lembrar no dia seguinte

Hei de ter consciência de cada gesto meu

Do que provei antes ou depois dos vinte

Bem além quero da juventude o apogeu

Minha juventude tem bem mais de trinta

Sob suas cãs os meus ídolos já são avós

Que me venha o novo e eu sempre sinta

O espírito jovem manifesto em todos nós.

Fazer Poesia

Para fazer poesia...

É preciso um bocado de solidão

Como já se dizia

Senão não se faz poesia não

Porque a poesia é a solidão que verseja

E a solidão tem sempre uma esperança

Esperança de que tão só não mais seja

Fazer poesia é fantasiar como a criança.

Que tristeza que nada!

De onde vem a tristeza

quando não se tem

motivo para ser triste?

Nenhuma perda, nenhuma carência

nenhuma falta existe...

Teria origem genética

ou seria frustração profissional?

Viria da imperfeição estética

ou, quiçá, crise existencial?

Teria causa orgânica

ou seria erro de semântica?

Gozo de boa saúde e de muito conforto

Tenho bons amigos, um belo lar,

meu único e seguro porto

e tenho a mesa farta

Se não há, então, razão de ser

vá tristeza pro raio que a parta!

Ostra Feliz Não Produz Pérola

Sem o sofrimento pérola não há

Sem tristeza não se faz samba

Sem a carência ninguém se dá

Sem o ócio não se faz o bamba

Sem diferença não há harmonia

Sem dor também não há o alívio

Sem noite não há o raiar do dia

Sem excesso não há o equilíbrio

Sem fome e sem sede se hiberna

Sem insatisfação o ser acomoda

Sem a morte não há vida eterna

Sem preguiça não haveria a roda

Para ostra venha o grão de areia

Para o sambista venha a tristeza

Conflito para tecer da vida a teia

O caos para a ordem da natureza.

Desta Fruta, Só a Polpa!

Chega de casca, bagaço e caroço

De espinho, espinha, pele e osso

Da fruta só quero a polpa e o suco

Da flor, só o perfume e a cor

Da carne, só o filé e o sabor.

O Assombro da Vida

A vida é a exuberância evolutiva

A transmutação da energia solar

Mas o que importa é que se viva

Que ela em si deveria nos bastar

Um fenômeno ímpar da natureza

Processo há bilhões de anos ativo

Deve-se contemplar-lhe a beleza

Celebrar o privilégio de estar vivo

Diversos são os nomes do criador

Que levam fiéis à crença dividida

Surge em pensamento revelador

Sem nome no assombro da vida.

Inspsicografia

Nem sou nenhum Chico Xavier

Tão de repente tantos insights

A boa ideia venha de onde vier

Levo logo ao registro nos sites

Parecem mesmo psicografadas

São como um toque de mágica

Chegam sem serem esperadas

Nenhum lugar ideal nem tática

Que venha um espírito mentor

Poema seja meu maior legado

Sobretudo o que incita o amor

Seja inspirado ou psicografado.

Ciclos Antrópicos

Em outras palavras repetirei outros poetas

Pessoas passarão e ficarão os sentimentos

As mesmas profecias farão outros profetas

Histórias recorrentes irão soprar os ventos

O que escrevo em algum lugar está escrito

Criatividade camufla o velho e forja o novo

Na natureza nada se cria, há muito foi dito

Afinal o que veio antes, a galinha ou o ovo?

Feito imagem refletida em espelhos frontais

Os filhos asseguram os futuros progenitores

Os ciclos fazem as realidades antigas atuais

E as mesmas peças encenam outros atores.

Sossego

Não quero ser famoso

Nem ganhar na loteria

Evento tão miraculoso

Basta-me paz, alegria

Quero da bica a água

A sombra e o sossego

Sem nenhuma mágoa

Viver livre sem apego

Tenho muito conforto

Também um belo lar

Único e seguro porto

Meu bem a me amar

Da fruta, só a polpa

Da flor, aroma e cor

À noite, só uma sopa

Da carne, só o sabor.

Receita de Saúde

Alimentação saudável e balanceada

Atividade física regular e constante

Atividade mental cognitiva elevada

Atividade sócio-cultural estimulante

Evitar conflitos, sobretudo estresse

Usar e abusar de muita diplomacia

Ter aquela alegria que nunca cesse

Obter assim da saúde a supremacia

Por um terço do dia sono reparador

Beber por dia uma só taça de vinho

Água em abundância seja aonde for

E longevo será tal qual pergaminho.

Insone

De repente eu estou insone

Baixou-me o espírito mentor

Nem sei qual é o seu nome

Sei que me ajuda a compor

Na esperança de vir o sono

Acessei o site deste recanto

Para fugir do meu abandono

E evitar que caia em pranto

Como previa, o sono chegou

Nem abandono e nem choro

De repente inspiração faltou

E ao mentor faltou o decoro.

Website

Que deleite é estar na website

Espaço democrático acolhedor

Próprio do estilo de vida light

O oceano do virtual navegador

O virtual de sentimentos reais

Onde aportam variados temas

Polêmicos, profundos e banais

Ideias, impressões ou dilemas

Volto ao leve exercício poético

Leva-me ao êxtase e à terapia

Retorno ao paraíso cibernético

Para obter inspiração e alegria.

Rima

Da rima vem a boa ideia

Traz no seu bojo melodia

Faz do simples a odisseia

Faz das trevas o belo dia

Anonimato traz liberdade

E no seu âmago a alegria

Leveza, pureza e beldade

Qual a rima desta poesia

Sou anônimo e sou livre

Rimo paz com que apraz

Estou como nunca estive

Já em mim a tristeza jaz.

Palavras Boas de Rimar

Procuro palavras para rimar

Dentre todas as mais belas

As boas de ouvir, de cantar

Sublimes mensagens nelas

Paz, amor, saúde e lealdade

Luz, cor, beleza e sabedoria

Respeito, sorriso e amizade

Felicidade e boa companhia

Tal qual agulha no palheiro

Há palavra que se esconde

Exige um elaborado roteiro

Que se passa não sei onde

Para fazer a vida mais leve

Ponho-me então a versejar

A eternizar esta vida breve

Em palavras boas de rimar.

Tela Branca

O que procura na pedra o cinzel

Na tela branca procura o teclado

O mesmo que a caneta no papel

O pendor artístico tem revelado

Na pedra se esconde a escultura

Da dura madeira vem a carranca

Que nos protege de toda agrura

A poesia esconde na tela branca

De onde vem inspiração artística

Que nos revela tudo o que existe

Numa pura manifestação mística

A realidade em que tudo consiste

Vazio que me preenche e inspira

Espanta os males como carranca

É alvo que se põe na minha mira

Vislumbrado em uma tela branca.

Leveza

Quero um jeito light de ser

Quero contemplar a beleza

Testemunhar o Sol renascer

Fazer o que garanta leveza

Caminhar de pés descalços

Numa trilha de chão batido

Livre de todos os percalços

Estimulando todo o sentido

Dar ouvido à música suave

Recitar um poema de amor

Sentir-me voando feito ave

Ler um romance inspirador

O melhor sabor da culinária

Degustar em boa companhia

Que a alegria seja prioritária

Que seja o mote de todo dia.

Amenidades

Quero falar de coisas leves que o vento não leva

Um estribilho antigo, um aconchego e um flerte

A troca de carícias em uma relação tão longeva

A leitura de poemas, a alegria de em mim ter-te

Acordar bem cedinho com um cheirinho de café

Sentir a brisa da manhã e as cores da primavera

A paz do seu sorriso na expressão de amor e fé

Experimentar nossa vida como se fosse quimera

Este momento que congelo neste meu versejar

E que com os amigos deste recanto compartilho

O espetáculo do raiar do dia poder contemplar

Exuberância do ser, do olhar da criança o brilho.

Já que...

Já que estou aqui

Não custa compor

De tudo que eu vi

Um verso que for

Já que não custa

Que eu faça pois

A arte bem justa

Para ficar depois

Já que de praxe

Faço de repente

Rima que relaxe

Toda esta gente

Já que do amigo

Não trago medo

Tudo o que digo

Tem um enredo.

Dedo de Prosa

Quero um dedo de prosa

Com quem tenho afinidade

Sem atitude indecorosa

Mas com discreta intimidade

Algo como bater um papo

Sobre poesia e coisas amenas

Mas evitar o língua-de-trapo

E suas insuportáveis cantilenas

Tipo, trocar umas ideias

Com quem nos faz sorrir à toa

Mas sem narrar epopeias

Uma conversa simples, na boa

Como o que faço agora

Muito embora virtualmente

Aqui jogo conversa fora

Com a minha querida gente.

Leve Alma

Que a alma leve

O que o vento não leva

O que nos eleve

Leve luz à absoluta treva

Que a alma leve

Leve o amor onde não há

Ao céu nos eleve

Que nos traga paz, oxalá!

Que a alma leve

Leve inspiração ao poeta

Que em ato breve

Livre-nos do mal que nos afeta.

Ai, Que Saudade!

Ai que saudade dos sonhos

Dos planos e outras ilusões

Dos dias ingênuos risonhos

Dos namoros e das paixões

Ai que saudade da infância

Das brincadeiras de outrora

Da inocente extravagância

Da sombra do pé de amora

Ai que saudade eu já sinto

De todo bem ora presente

Vem como que por instinto

Saudade chega de repente.

Encontros Casuais

Que deleite são os encontros casuais

O choppinho e boa prosa sem pressa

Sem rígidas formalidades nem rituais

Tal qual o happy hour, é bom a bessa

Jogar conversa fora sem léxico rigor

Falar de amenidades, música e arte

Futebol, cultura, religião e o que for

Um papo democrático e livre aparte

Casamentos, formaturas, batizados

Velórios, cultos e todos aniversários

Os eventos e encontros consagrados

Não me atraem, me são temerários.

marciusantos
Enviado por marciusantos em 31/08/2018
Reeditado em 20/09/2018
Código do texto: T6435755
Classificação de conteúdo: seguro